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Assembleia Geral da ONU condena Rússia por 141 votos e só cinco contra; Brasil apoia condenação


A Assembleia Geral da ONU condenou nesta quarta-feira a Rússia pela invasão da Ucrânia, ocorrida há sete dias, por 141 votos a favor — incluindo o do Brasil — e apenas cinco contra, além de 35 abstenções. A resolução exige a retirada imediata das tropas russas. (Continua após a publicidade)



Na votação anterior envolvendo uma ação russa, a anexação da Península da Crimeia, em 2014, foram 100 votos pela condenação. A Assembleia Geral reúne os 193 países-membros da ONU e suas resoluções não são vinculantes, mas a condenação maciça tem forte peso político.

O texto "deplora nos termos mais fortes a agressão da Rússia contra a Ucrânia" e exige que a Rússia “cesse imediatamente seu uso da força contra a Ucrânia”, além da “retirada imediata, completa e incondicional de todas as suas forças militares”.

Além da Rússia, os países que votaram contra a resolução foram: Bielorrússia, Síria, Eritreia e a Coreia do Norte. Na votação, entre as 35 nações que se abstiveram, estão China, Índia, Irã, África do Sul e Cuba.

Na ocasião, Moscou ordenou o envio de "missões de paz" às regiões, onde separatistas pró-Rússia controlam boa parte do território desde 2014 e travam uma guerra que deixou cerca de 15 mil mortos. Dois dias depois, Putin ordenou a invasão da Ucrânia.

Os 141 países que votaram a favor da resolução também "exigiram que a Rússia reverta imediatamente e incondicionalmente a decisão relativa ao estatuto de certas áreas das regiões de Donetsk e Luhansk da Ucrânia".

O posicionamento do Brasil a favor do texto se deveu, principalmente, ao aumento da intensidade dos ataques proferidos pela Rússia e à pressão internacional sobre o governo brasileiro. O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, já havia condenado a invasão russa.

Apesar do apoio, Costa Filho fez um discurso duro em que lamentou que o papel do órgão “tenha sido deixado de lado na ânsia de apontar dedos”. O diplomata afirmou que a condenação não é suficiente para resolver o conflito e que “o fim das hostilidades é apenas um primeiro passo para alcançar a paz”.

— A resolução adotada, no entanto, não é suficiente para destacar que o fim das hostilidades é apenas um primeiro passo para alcançar a paz. A paz sustentável precisa de passos adicionais. Nesse sentido, é lamentável que o papel de apoio que as Nações Unidas podem e devem desempenhar tenha sido deixado de lado na ânsia de apontar o dedo — disse ele.

O diplomata reconheceu que a resolução é um apelo para o fim da guerra, mas defendeu que o caminho para pacificar o conflito na região de forma duradoura é através da diplomacia. Costa Filho também afirmou que a aplicação de sanções de forma indiscriminada e o envio de armas à Ucrânia por países do Ocidente podem tensionar ainda mais a situação, trazendo consequências para o resto do mundo.

— Sim, a resolução é um apelo à paz da comunidade internacional. Mas a paz exige mais do que o silêncio das armas e a retirada das tropas. O caminho para a paz requer um trabalho amplo sobre as preocupações de segurança das partes. A única condição prévia deve ser um cessar-fogo imediato — disse o brasileiro. — Esta resolução não pode ser vista como permissiva à aplicação indiscriminada de sanções e ao envio de armas. Essas iniciativas não conduzem à retomada adequada de um diálogo diplomático construtivo e correm o risco de aumentar ainda mais as tensões com consequências imprevisíveis para a região e além.

Costa Filho reafirmou que a posição do Brasil continua a ser o diálogo diplomático como solução do conflito e pediu para que as partes envolvidas atenuem as tensões e voltem seus esforços para chegar a um acordo negociado entre Rússia e Ucrânia.

— O Brasil continua a pedir a todos os atores a desescalar e renovar os esforços em favor de um acordo diplomático negociado entre a Ucrânia e a Rússia que contribua para o restabelecimento da segurança e da estabilidade da região — afirmou. — Uma vez iniciadas as negociações efetivas, todas as partes devem mostrar verdadeira flexibilidade e espírito de compromisso. Soluções duradouras só podem ser alcançadas na mesa de negociações por meio de um diálogo comprometido.

Na última sexta-feira, a Rússia foi o único país a votar contra um texto similar no Conselho de Segurança da ONU — por ser um dos cinco membros permanentes do órgão, ela tem poder de voto. Com isso, o tema foi levado à Assembleia Geral.

Na resolução desta quarta, os países também condenaram a Bielorrússia, aliada de Putin, "lamentando o envolvimento do país neste uso ilegal da força contra a Ucrânia e instando o país a respeitar as suas obrigações internacionais".

O embaixador da União Europeia na ONU, Olof Skoog, disse ao final da votação que o resultado mostra que "o mundo está com a Ucrânia" e o "isolamento" da Rússia.

— Isto é sobre se escolhemos tanques e mísseis ou diálogo e diplomacia — afirmou. — A Rússia optou pela agressão. O mundo, pela paz.

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