Aula de tortura - agente da PRF explica como é a tortura da “câmara de gás”
Após dois agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) assassinarem Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, sufocado em uma “câmara de gás” dentro do carro da corporação, em Umbaúba (SE), circulou nas redes sociais, nesta sexta-feira (27), um vídeo antigo de um professor explicando como é esse método de tortura.
O vídeo é de uma aula do professor Ronaldo Bandeira, integrante da PRF, em um curso da AlfaCon, escola preparatória para aspirantes a policiais militares e federais. Bandeira narra uma abordagem policial e, dando risada, conta como torturou um homem. “Ele tentou quebrar o vidro da viatura com chutes. O que o polícia faz? Abre um pouquinho [o vidro], pega o spray de pimenta e taca”, diz ele, imitando o barulho do borrifador e causando gargalhadas entre os alunos.
“Foda-se, caralho, é bom pra caralho. A pessoa fica mansinha. Aí daqui a pouco eu só escutei assim: ‘Eu vou morrer, eu vou morrer!’. Aí eu fiquei com pena, abri e falei assim: ‘Tortura!’. E fechei de novo”, concluiu, sem esconder seu satisfação.
Bolsonaros têm relação com a AlfaCon
O presidente Jair Bolsonaro (PL) já fez propaganda da AlfaCon, que deu espaço para seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), dar declarações golpistas em 2018.
Foi em um curso da instituição, em julho daquele ano, que o parlamentar afirmou que bastariam “um cabo e um soldado” para fechar o STF (Supremo Tribunal Federal).
Na mesma época, Bolsonaro publicou em suas redes sociais um vídeo em que se dirigia especificamente a estudantes da escola. O então candidato ao Palácio do Planalto prometia dar posse a todos os policiais que passassem em concursos federais.
Escola é conhecida por incentivar a tortura
A AlfaCon tinha o advogado e professor de Direito Norberto Florindo Júnior, também conhecido como Professor Caveira, entre os seus professores. Ex-capitão da Polícia Militar de SP, ele já foi acusado de posse de cocaína quando trabalhava na corporação. No curso, ele incentivava a tortura e a omissão de socorro.
Um vídeo de uma de suas aulas, em 2019, mostra Norberto afirmando: “Bandido ferido é inadmissível chegar vivo ao pronto-socorro. Só se você for um policial de merda. Você vai socorrer o bandido, como?! Com esta mão, você vai tampar o nariz e, com esta, a boca. É assim que você socorre um bandido”.
Em outro, o ex-PM se vangloria de sua ficha de “baixas”: “São 28 [homicídios] assinados, um embaixo do outro, mais uns 30 que não assinei [risos]. Vai se foder, já prescreveu tudo! Foda-se, não estou nem aí”. Ele vai além e confessa ter praticado chacinas, inclusive de bebês. “Por isso quando eu entrava chacinando eu matava todo mundo: mãe, filho, bebê, foda-se! Eu já elimino o mal na fonte”, afirma.
A Corregedoria da PM paulista abriu, na época das confissões de Norberto, uma investigação para apurar os crimes, que teriam sido cometidos enquanto ele era policial militar em São Paulo.
Fonte: Diário do Centro do Mundo
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