Investigação não aponta atentado contra Tarcísio, diz polícia em SP
Tiroteio teria ocorrido na comunidade e, a princípio, não estaria relacionado à presença de Tarcísio no local Foto: Reprodução
O tiroteio que interrompeu na manhã desta segunda-feira um ato de campanha do candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na comunidade de Paraisópolis, não está relacionado com um suposto atentado, segundo investigação preliminar da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Depois do anúncio da polícia, o ex-ministro de Bolsonaro, que chegou a postar em redes sociais que sua equipe tinha sido "atacada por criminosos", baixou o tom e disse que o ocorrido foi um "ato de intimidação", em uma "questão territorial, não política".
Tarcísio participava de uma agenda no Polo Universitário de Paraisópolis quando houve uma troca de tiros entre policiais e bandidos próximo ao local. O ex-ministro e jornalistas que o acompanhavam precisaram se abaixar para se proteger dos tiros. Tarcísio deixou o local escoltado por seguranças e em uma van blindada.
Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo, a presença da escolta policial ao candidato pode ter desencadeado um confronto na comunidade. No entanto, acrescentou, nenhuma hipótese está totalmente descartada nas investigações sobre a motivação da troca de tiros. Segundo integrantes da Associação de Moradores de Paraisópolis, a entidade não tinha sido avisada com antecedência sobre a visita de Tarcísio.
— Falta identificar a motivação. Eu coloco (a motivação do tiroteio) na dinâmica de um ruído com (o fato de) a polícia estar presente (para fazer a segurança de Tarcísio) — disse o secretário, que completou: — É prematuro dizer isso (se tratar de um atentado) com os dados que temos.— Os efeitos colaterais (troca de tiros) foram provocados pelos marginais que investiram contra a polícia. Eram motos, com oito indivíduos, dois deles portando armas longas, que tiveram resposta da polícia — afirmou Vieira.
Felipe Silva de Lima, de 28 anos, foi baleado e morto em confronto com policiais. A circunstância em que ocorreu a morte ainda é investigada. Segundo a polícia, ele portava uma pistola e fazia parte do grupo de oito suspeitos. Os demais fugiram. Ninguém foi preso.
Tarcísio: 'Recado' de facção
Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, Tarcísio afirmou que não acredita ter sido vítima de um atentado. Segundo ele, o tiroteio teria sido um "recado" de uma organização criminosa que, por questão territorial, não o queria lá por controlar a região, e que não teria motivação política ou eleitoral.
— Foi um ato de intimidação, um recado do crime organizado. É uma questão territorial, não política ou eleitoral. (...) Vou tomar mais cuidado com a questão da segurança — afirmou Tarcísio.
Adversário de Tarcísio no segundo turno, Fernando Haddad (PT) repudiou o caso:
— Eu estou sabendo por você (jornalista). Eu não tenho conhecimento disso. Eu repudio toda e qualquer forma de violência.
O petista também disse ter enviado após o incidente uma mensagem ao WhatsApp de Tarcísio, que não teria sido respondida.
Na coletiva de imprensa, porém, Tarcísio disse que sabe que o rival "é completamente contra a violência e que é solidário a mim".
Associação diz que não foi avisada de visita
Em nota divulgada nesta tarde, a Associação de Moradores de Paraisópolis disse lamentar o ocorrido, e que a comunidade tem "tradição em receber políticos, autoridades, artistas e personalidades, sendo reconhecida como uma comunidade pacífica e organizada".
O texto ressalta, porém, que "que nenhum representante do G10 Favelas ou da União do Moradores e do Comércio de Paraisópolis (UMCP)" foi avisada da agenda do candidato. "Tampouco foi feito nenhum tipo de convite a nenhum dos nomes que concorrem a cargos eletivos neste pleito", diz a nota.
"Paraisópolis possui uma população trabalhadora e honesta que precisa de investimentos para transformar sua realidade. A comunidade quer participar da política e fazer com que os representantes do poder público possam ajudar a transformar as vidas de todos os que aqui residem, com respeito às diferentes visões partidárias e estando abertos ao debate nas mais amplas esferas", conclui o texto.
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