Itaperuna é a quarta cidade do estado com maior capacidade instalada para produção de energia solar
Em meio ao aumento da conta de energia, à crise hídrica e às intermitências no fornecimento, Itaperuna se tornou a quarta cidade do Estado com o maior potencial de energia solar instalada em todo o Estado do Rio. A tendência se reflete em outros municípios do interior, como em Campos, o segundo maior do estado, e Macaé, o sexto. O levantamento exclusivo foi feito pela Firjan a partir de dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.
“A região tem um enorme potencial de energia solar ainda a ser explorado, tendo em vista a grande incidência de sol na região, com poucas áreas de sombra. Assim o Noroeste se junta a outras iniciativas em energia limpa que vêm sendo germinadas no Porto do Açu, um dos polos irradiadores de desenvolvimento de todo o interior do Rio”, afirma o presidente da Firjan Noroeste Fluminense, José Magno Vargas Hoffmann.(Continua após a publicidade)
Em Itaperuna, são 755 pontos de geração distribuída via luz solar, com capacidade instalada de 9.915,74 kW. Números próximos de Niterói, por exemplo, cuja população é cinco vezes maior do que Itaperuna: o município da Região Metropolitana tem capacidade instalada de 14.155,70 kW, sendo a terceira cidade do estado com maior potencial instalado. O estado do Rio ocupa a sétima posição no ranking nacional – liderado por Minas Gerais -, com conexões presentes em todos os 92 municípios fluminenses. (Continua após a publicidade)
Números confirmados na prática por Fábio Azeredo, proprietário da Elmet, empresa especializada em automação industrial e que desde 2012 atua também no ramo da energia solar. Ele conta que houve um crescimento de 200% nas instalações em 2020, e de 300% até o terceiro trimestre deste ano. (Continua após a publicidade)
“O boom começou em 2016, depois que os bancos passaram a financiar instalações a pessoas físicas e jurídicas. E o Noroeste é mais do que propício a isso, já que tem grande incidência de sol o ano inteiro. Além de contribuir com o desenvolvimento local e com a oferta de energia na nossa região”, disse Fábio, que também é presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Noroeste (Sindmetal Noroeste).
A especialista em Estudos Econômicos da Firjan, Tatiana Lauria, lista ainda uma série de benefícios não só por quem adota esse tipo de energia, como para todo o sistema elétrico do país.
“O primeiro benefício direto é ter uma energia mais estável e com maior confiabilidade, reduzindo os impactos das oscilações da rede. Além, claro, a economia, que para alguns setores industriais pode chegar de 20 a 30%. O consumidor ainda fica mais protegido da inflação, pois reduz o impacto dos reajustes tarifários das distribuidoras na sua conta de luz. Além disso, o micro e o mini gerador possuem isenção do ICMS para a parcela da tarifa até o limite da energia que foi injetada na rede. Sem contar os benefícios para todo o sistema elétrico, diminuindo a necessidade de novos investimentos na rede, o que reduz os custos de infraestrutura. Somam-se a isso os efeitos positivos por se tratar de uma energia limpa, com menores prejuízos à natureza”, pontuou Tatiana.
Em Campos, Baixada se torna polo de energia solar
Segundo maior parque de usinas solares do estado, Campos fica atrás apenas da capital: são 2.811 pontos de geração distribuída via luz solar, contra 6.332 no Rio de Janeiro. Em cinco anos, a quantidade de instalações cresceu mais de 25 vezes em Campos, e um dos principais polos é a Baixada Campista, que reúne a maioria das 44 usinas solares das cerâmicas – o equivalente 37% das fábricas instaladas na região.
Um dos mais recentes proprietários de placas solares é Paulo Roberto Souza Ribeiro, presidente do Sindicato dos Ceramistas de Campos. A cerâmica instalada em Saturnino Braga passou a se alimentar de luz solar a partir de um financiamento, por meio do qual trocou o valor médio pago na conta de luz pelas prestações da instalação da usina. Quando concluir o pagamento, o custo da energia – que segundo cálculos da Firjan, pode representar até 40% do custo mensal de produção para algumas empresas – chegará a valores irrisórios: cerca de 95% menor do que o atual, de acordo com presidente do sindicato.
“As primeiras placas em cerâmicas começaram a ser instaladas há cerca de três anos, mas os sucessivos aumentos na conta de luz, somada à crise energética, deram um empurrão a mais a essa iniciativa. E isso se tornou fundamental na busca por competitividade. Tanto que das 119 cerâmicas em Campos, 36 já estão com energia solar e outras 8 em processo de instalação. Sem contar o próprio sindicato, que também conta com essa alternativa”, afirma Paulo Roberto.
Medidas contra a crise hídrica e energética
Atualmente, o Senado discute a aprovação do Marco Regulatório da Energia Solar, medida que vai definir as regras do setor, criando um ambiente com maior segurança regulatória e mantendo o desconto sobre a tarifa do uso do fio para quem já tem o sistema até 2045. Para os novos, a cobrança das taxas será gradativa, a partir de 2023 e até 2029, quando todos os encargos deverão ser integralmente pagos.
Com isso, mantém-se a competitividade da energia solar, criando um ambiente de transição mais equilibrado e com estímulo ao crescimento das vendas. Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) apontam que o número de instalação de painéis solares aumentou 70% no país no ano passado, em comparação com 2019. Ainda segundo a Absolar, o Brasil já o 14º maior gerador de energia solar do mundo: o conjunto de sistema fotovoltaico já representa mais de 70% da potência da usina hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo e a maior da América Latina.
Em setembro, a Firjan e a Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) divulgaram uma nota conjunta com 14 propostas para amenizar os efeitos provocados pela crise hídrica, considerada a maior dos últimos 91 anos. Entre elas estão iniciativas imediatas capazes de atenuar a crise, como melhorias nas condições de financiamento das linhas de crédito do BNDES dedicadas a ações de eficiência energética e, em especial, a aquisição de equipamentos para a autoprodução.
As federações temem impactos justamente num momento de retomada econômica, e em especial no fim do ano, quando a produção – e, consequentemente, o consumo de energia – chegam a patamares ainda mais elevados. De acordo com um estudo da Firjan, com base em dados de janeiro a outubro do ano passado, o estado do Rio continua tendo, disparado, a maior tarifa de energia elétrica para o setor industrial entre todos os estados da federação. Segundo dados da ANEEL, são, em média, R$ 1041,16 por hora de megawatt (MWh), enquanto o segundo lugar, por exemplo, que é Mato Grosso, que tem média de R$ 878,38 por MWh.
Fonte: Firjan
Comments