Novo exame de retina previne infarto
Sistema de inteligência artificial antecipa em um ano o diagnóstico de infarto através análise de vasos da retina
Um novo sistema de inteligência artificial (IA) que acaba de ser divulgado pela revista científica Nature, antecipa em um ano o diagnóstico de infarto, maior causa de mortes no mundo. De acordo com a publicação, o exame de fundo de olho detecta doenças sistêmicas através de alterações nos vasos da retina. Em tempo de pandemia o consultório oftalmológico é a porta de entrada para um checkup com menor risco de contrair Covid-19. Podemos dizer sem exagero que os olhos são a janela do corpo. Para se ter idéia, os vasos da retina indicam diabetes, hipertensão arterial e outras alterações vasculares que estão diretamente relacionas à saúde do coração. (Continua após a publicidade)
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) as doenças cardíacas tiveram aumento durante a pandemia e representam 30% das mortes do País. Dados da SBC mostram que este ano, até é 8 de fevereiro, as patologias cardíacas causaram 42,7 mil óbitos. O sistema de IA foi desenvolvido no Reino Unido faz uma análise mais profunda da saúde vascular por meio de uma complexa combinação de algoritmos. A publicação afirma que o novo sistema dá um salto de qualidade na preservação da vida por um custo menor. Isso porque antecipa o risco de infarto pelo tamanho e eficiência de bombeamento do ventrículo esquerdo. Até hoje estas alterações cardíacas são diagnosticadas por ressonância magnética ou ecocardiograma que tem um custo bem mais elevado que o exame de fundo de olho.
Outras doenças
Os oftalmologistas ressaltam que embora o exame de fundo de olho tradicional permita mapear todo nosso organismo não é preventivo, isso porque faz o diagnóstico de doenças já instaladas, entre elas a hipertensão arterial, diabetes, doenças reumáticas, tuberculose, toxoplasmose, lepra, AIDS, e até tumores intracranianos. Para ser realizado instilamos um colírio no olho do paciente para dilatar a pupila e usamos um oftalmoscópio, lente com capacidade de aumentar diversas vezes o nervo óptico, retina e vasos. Por isso, se consegue prever o risco de retinopatia em diabéticos, bem como as frequentes alterações nos rins para a orientação do paciente sobre tratamentos. O novo sistema de inteligência artificial ainda não está disponível no Brasil.
Alterações aparentes e sistêmicas
Algumas doenças oculares ou em outras partes podem alterar a aparência dos olhos e a visão. As principais são:
Terçol permanente: Quando aquela bolinha dolorida na pálpebra, o terçol ou hordéolo não sara pode indicar um tumor nas glândulas da pálpebra que produzem a camada gordurosa da lágrima. Segundo os oftalmologistas, dependendo do estágio, a luz pulsada pode eliminar o problema que aumentou na pandemia;
Perda de pelos na sobrancelha: Sinaliza estresse, carência de nutrientes e, em alguns casos, disfunção na tireoide;
Olhos saltados: Distúrbio na tireoide e doença de graves, uma alteração autoimune que afeta a visão;
Olhos amarelados: Alteração no fígado;
Pupila contraída: Indica uveíte, inflamação da uvéa, que é formada pela íris, corpo ciliar e coroide;
Pupila dilatada: Sinaliza tumores, glaucoma, trauma ou doenças do sistema nervoso central;
Visão dupla: Aponta tumor intracraniano, acidentes vasculares centrais, traumas ou hiperglicemia;
Mudança na cor dos olhos: É causada por medicamentos ou inflamações oculares;
Cegueira momentânea: Indica tumor intracraniano, má circulação no cérebro ou arritmia cardíaca;
Visão borrada: Ocorre no diabetes, sangramento ocular, inflamação, hipertensão arterial e claro, na catarata.
"Se os olhos são a janela do corpo, a consulta oftalmológica é a porta da saúde",
Dr. Marcus Vinícius de O. Pinto é médico oftalmologista e escreve nesta coluna às quintas-feiras.
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