PARQUES NATURALIZADOS: PAISAGENS PARA UM BRINCAR NATURAL
Já ouviu falar em parques naturalizados? Esse conceito propõe a utilização de elementos como troncos, galhos e a própria topografia e vegetação dos terrenos para criar lugares de convívio e brincadeira mais atraentes e desafiantes para as crianças. São também uma forma simples e mais barata de ampliar a rede de áreas verdes urbanas.
Os pequenos pés se esticam para caminhar sobre tocos cortados com diferentes alturas. Ali por perto, adultos olham as crianças sentados em “sofás” feitos de troncos escavados em madeira. Os menorzinhos juntam folhas, sementes e galhos que viram espadas ou comidinhas, deslocando-os conforme pede a imaginação.
Incentivar o brincar livre, com elementos da natureza, é uma das propostas dos parques naturalizados, que podem ser criados em escolas, condomínios, praças, parques, clubes e em terrenos antes abandonados, trazendo mais verde e espaços de convívio para as cidades. (Continua após a publicidade)
“Este era um lugar belíssimo, com um riacho, mas ficou por anos lotado de lixo. Agora está sendo arrumado, as pessoas podem desfrutar dele, a minha residência se valorizou. Moro no paraíso!”, diz Lenilda Moreira, que vive há 40 anos na área onde foi implantado, recentemente, o microparque naturalizado Seu Zequinha, em Fortaleza, Ceará. (Continua após a publicidade)
Esse novo conceito busca promover o contato cotidiano com a natureza e com os vizinhos, em espaços públicos ou privados, nas grandes cidades. Os brinquedos, mobiliários e instalações são pensados a partir de elementos naturais como árvores, arbustos, pedras, água, galhos e terra, encorajando experiências sensoriais e motoras mais desafiadoras, que estimulam a criatividade, tanto para bebês quanto para crianças com e sem deficiência de todas as idades.(Continua após a publicidade)
Além de possibilitar que as crianças brinquem de forma livre e ativa, os parques naturalizados são áreas multifuncionais, que podem ser implantadas a um custo mais baixo, uma vez que troncos e outros materiais naturais são reaproveitados de podas, em geral abundantes e disponíveis nos municípios. Planejar os espaços com o envolvimento de quem vai usá-los é essencial para conectar as pessoas, e aumentar seu engajamento na preservação. (Continua após a publicidade)
O microparque Seu Zequinha, onde Lenilda vive, faz parte do Projeto Fortaleza Mais Verde, uma iniciativa voltada à recuperação de espaços degradados e expansão de áreas verdes na cidade. Essa estratégia foi elaborada dentro da rede Urban 95, da Fundação Bernard Van Leer no Brasil, em parceria com o Instituto Cidades Sustentáveis, e teve o apoio técnico do Jardins das Brincadeiras e do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana. Após o projeto piloto em dois espaços, a prefeitura agora pretende ampliar a iniciativa para 40 novas áreas, já mapeadas.
“A construção dos microparques José Leon e Seu Zequinha ampliou nossa visão para o espaço público. Existem muitos locais abandonados, cheios de lixo que, com criatividade, intervenções rápidas e a baixo custo, podem ganhar uma função”, diz Mariana Gomes, arquiteta e planejadora urbana da prefeitura de Fortaleza.
“Os parques foram montados com a participação ativa das pessoas que irão utilizá-los, em especial das crianças. Quando elas começaram a chegar, fomos compreendendo que brinquedos fazer e como seguir a partir do que elas iam criando, de como se movimentavam e como usavam os elementos que já estavam ali”, conta Guilherme Blauth, consultor de brincadeiras e espaços naturais que prestou assessoria e treinamento para as equipes da prefeitura.
A disposição dos materiais e estruturas nos parques naturalizados leva em conta a idade e as necessidades das crianças. “São espaços vivos, dinâmicos, nos quais há peças que podem ser mudadas de lugar, ressignificadas. Esses espaços acolhem desde os bebês até os adolescentes, proporcionando a eles todos os benefícios para sua saúde e bem-estar que o contato com a natureza traz”, afirma Laís Fleury, coordenadora do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana. Ali, as crianças são livres para inventar suas próprias brincadeiras e “mundos”.
Fonte: https://criancaenatureza.org.br/
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