Próteses oculares em crianças: Quais são as indicações?

O trauma é a principal causa de perda do globo ocular em adultos, porém temos pouca informação sobre essa questão em crianças.

Um estudo revisou os diagnósticos em crianças em que foram adaptadas próteses oculares durante um ano na Arábia Saudita e encontrou o retinoblastoma, o trauma e a microftalmia/anoftalmia como os diagnósticos mais comuns. A enucleação e a evisceração foram os procedimentos mais comuns associados às retinoblastoma e ao trauma respectivamente.

As próteses oculares

O objetivo da prótese ocular é reconstruir uma aparência próxima ao normal em um paciente com o globo ocular desfigurado ou a cavidade anoftálmica. O globo ocular desfigurado pode ser consequência de uma malformação congênita ou de trauma, infecção ou outras doenças oculares graves. A cavidade anoftálmica pode ser congênita ou resultado de uma cirurgia para câncer ocular.

Um total de 199 pacientes foram avaliados. 104 homens e 95 mulheres, 215 olhos, com idade entre 3 -9.33 anos (média 33.31 meses, mediana 15.03 meses). As próteses oculares customizadas foram adaptadas em 199 olhos. A indicação para prótese ocular foi de 44.22% no retinoblastoma (5 eram bilateral), 19.1% microftalmia, 5.53% anoftalmia, quatro olhos com enfoftalmite, três com glaucoma congênito, um com doença de coats.

No grupo associado ao trauma, os principais tipos de lesão foram por objetos pontiagudos perfurantes, por explosões, acidentes de trânsito, armas de fogo e quedas. O olho foi removido cirurgicamente por enucleação ou evisceração em 124 olhos. Todas as enucleações foram por retinoblastoma e todas as eviscerações foram por trauma. Houve uma predominância masculina nos casos de trauma e nos casos de retinoblastoma. (Continua após a publicidade)

Estudo

Um total de 199 pacientes foram avaliados. 104 homens e 95 mulheres, 215 olhos, com idade entre 3 -9.33 anos (média 33.31 meses, mediana 15.03 meses). As próteses oculares customizadas foram adaptadas em 199 olhos. A indicação para prótese ocular foi de 44.22% no retinoblastoma (5 eram bilateral), 19.1% microftalmia, 5.53% anoftalmia, 4 olhos com enfoftalmite, 3 com glaucoma congênito, 1 com doença de coats.

Conclusão

O estudo conclui que o retinoblastoma foi a razão número um para a perda ocular em crianças. Isso reflete a apresentação tardia e o manejo do retinoblastoma em países menos desenvolvidos, onde existe falta de conscientização sobre o diagnóstico. Campanhas que estimulam a educação familiar são estratégias custo efetivas que podem reduzir o peso da enucleação associada ao retinoblastoma.

O trauma foi a segunda causa mais comum. Políticas de saúde pública são efetivas em diminuir a perda do globo por trauma e por isso devem ser implementadas. Exemplos são as restrições no consumo de certos produtos para crianças, o uso obrigatório de cintos de segurança nos veículos, parabrisas laminados em veículos e educação pública. O terceiro diagnóstico mais comum foi a microftalmia/anoftalmia, que pode estar associada nessa região a prática comum da endogamia, consanguinidade e famílias muito grandes, que aumenta a expressão de doenças raras recessivas. Nesses casos o aconselhamento genético poderia ser benéfico.

Referência bibliográfica:

- Al-Dahan D, Khan AO. Indications for Pediatric Ocular Prosthesis Fitting at a Referral Center in the Middle East. Middle East Afr J Ophthalmol. 2019 Aug 26;26(2):107-109. doi: 10.4103/meajo.MEAJO_274_18. PMID: 31543669; PMCID: PMC6737787.

Dr. Marcus Vinícius de O. Pinto é médico oftalmologista e escreva nesta coluna às quintas -feiras.

Fonte: PebMed

Autor: Juliana Rosa

Tags:#traumaocular, #próteseocular, #oftalmologia